A origem do CARNAVAL vem de uma manifestação popular anterior a era cristã, tendo iniciado na Itália com o nome de SATURNÁLIAS, festa em homenagem a Saturno, porém as divindades da mitologia greco-romana, BACO e MOMO, dividiam as honras nos festejos, que aconteciam nos meses de novembro e dezembro. Baco é o Deus do vinho. Durante as comemorações, em Roma, acontecia uma aparente quebra de hierarquia na sociedade, já que escravos, filósofos e tribunos se misturavam em praça pública. Na época ocorriam verdadeiros bacanais.
No início da era cristã por determinação da Igreja Católica, esses festejos, eram considerados mundanos, só deveriam ser realizados antes da QUARESMA. Os italianos então adotaram a palavra CARNEVALE, sugerindo que se poderia fazer CARNAVAL, ou o que passasse pelas suas cabeças, antes da QUARESMA, numa espécie de abuso da carne, do carnal. No dialeto milanês CARNEVALE quer dizer: "o tempo em que se tira o uso da carne", pois o CARNAVAL é propriamente a noite anterior à quarta-feira de cinzas. Atualmente é a maior manifestação da cultura popular do Brasil, ao lado do futebol.
O primeiro Carnaval de rua no Brasil se deu cinco anos antes da proclamação da República na Cidade de Salvador, habitada por cerca de 170 mil pessoas. Era uma festa com grande influência européia, como quase tudo o que existia no Brasil naquela época, com muito luxo, requinte e comentários elogiosos.
O CARNAVAL de 1884, considerado como o 1º ANO DO CARNAVAL, do modo como ele é hoje, pegou Salvador num período de crescimento rápido, provocado pelo progresso da agricultura em outras regiões e pelas exigências de um melhor ordenamento do espaço urbano. Tanto as pessoas que se fantasiavam, como as que esperavam o cortejo, vestiam-se a rigor, algumas em ternos de linho, polainas e chapéus. Em 1886 os negociantes resolvem não mais abrir o comércio na TERÇA-FEIRA DE CARNAVAL. Os presidentes dos grandes clubes reuniram-se na ASSOCIAÇÃO COMERCIAL com o objetivo de estudar um ITINERÁRIO ÚNICO para todos os préstitos. Em 1894 o CARNAVAL era eminentemente da elite dos clubes CRUZ VERMELHA, FANTOCHES e outros, que desfilavam pelas ruas e freqüentavam os bailes dos Teatros São João e Politeama. A população pobre continuava a fazer apenas algumas manifestações. Em 1895 os negros nagôs organizaram o primeiro AFOXÉ, o "EMBAIXADA AFRICANA", que desfilou com roupas e objetos de adorno importados da ÁFRICA. Em 1896 surge o segundo AFOXÉ, o "PÂNDEGOS DA ÁFRICA", organizado também por negros. Os grupos representavam casas de culto de herança africana e saíam às ruas cantando e recitando seqüências de oráculos aos seus deuses.
P. Claudio Luiz de Marchi
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