Quaresma, Tempo de Deserto
A Quaresma é o tempo privilegiado da peregrinação interior até Àquele que é a fonte da misericórdia. Nesta peregrinação, Ele próprio nos acompanha através do deserto da nossa pobreza, amparando-nos no caminho que leva à alegria intensa da Páscoa. Mesmo naqueles «vales tenebrosos» de que fala o Salmista (Sl 23, 4), enquanto o tentador sugere que nos abandonemos ao desespero ou deponhamos uma esperança ilusória na obra das nossas mãos, Deus nos guarda e nos ampara. Sim, o Senhor ouve ainda hoje o grito das multidões famintas de alegria, de paz, de amor. Hoje, como aliás em todos os tempos, elas se sentem abandonadas. E, todavia, mesmo na desolação da miséria, da solidão, da violência e da fome que atinge indistintamente idosos, adultos e crianças, Deus não permite que as trevas do horror prevaleçam. Jesus, ao ver as multidões, encheu-se de compaixão por elas» (Mt 9, 36). À luz disto, queria deter-me a refletir sobre uma questão muito debatida pelos nossos contemporâneos: o desenvolvimento. Também hoje o «olhar» compassivo de Cristo pousa incessantemente sobre os homens e os povos. Olha-os ciente de que o «projeto» divino prevê o seu chamamento à salvação. Jesus conhece as insídias que se levantam contra esse projeto, e tem compaixão das multidões: decide defendê-las dos lobos, mesmo à custa da sua própria vida. Com aquele olhar, Jesus abraça os indivíduos e as multidões e entrega-os todos ao Pai. Este período, nós somos convidados para ir ao deserto. Ao deserto da nossa alma. E neste deserto somos convidados a enfrentar as nossas tentações. E assim como Jesus: Mt 4. 1-11 sairmos vencedores, renovados na fé e fortes para os dramas e conflitos existenciais. Boa quaresma querido leitor.
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