sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pregação de Domingo - Dia 24/07/2011

Prezadas irmãs e irmãos!

Mateus 13:44-46

Diariamente batem à nossa porta pessoas que necessitam de alguma ajuda: pessoas doentes, pessoas famintas, pessoas que sofreram alguma injustiça ou violência, pessoas que precisam de trabalho para sustentar a família. Nos jornais lemos reportagens sobre o crescimento da fome e da pobreza, no país e no mundo. Passamos a sentir-nos impotentes e incapazes de socorrer a tanta gente. Quando vai mudar isso?

Um mundo melhor é possível ? A pergunta é cada vez mais insistente. Os veículos de comunicação, sempre mais ágeis, trazem novas notícias sobre a fome no mundo, o sofrimento e o desespero de pessoas e povos. E mais ainda: notícias sobre injustiças e corrupção nas várias instâncias da administração pública aqui e nos quatro cantos do mundo lá. Nos últimos dias ouvimos que a América do Norte e a Comunhão Européia enfrentam algo como uma epidemia econômica: "o default", a dívida nacional, que complica a governabilidade das nações. No meu interior ouço uma afirmação:

Um outro mundo é possível ! Esta foi a afirmação do Fórum Social Mundial de 2001, em Porto Alegre. Desde então sucederam inúmeros fóruns mundiais e locais, inclusive o 4º Fórum Mundial de Saúde e Seguridade Social, neste ano em Dakar, no Senegal (África), que propõe mudanças significativas na maneira mundial de cuidar dos problemas de saúde e sobrevivência das populações.

Atualmente ouvimos falar muito em "sustentabilidade" e "responsabilidade social e ambiental" das empresas e dos governos. Sim, uma nova mentalidade está surgindo: Um mundo melhor é possível, desde que estejamos dispostos a mudar. E isto é difícil! Não resolve apenas cobrar mudança de pensamento e de atitude dos poderosos e dos grandes negociantes. Isto continua necessário, sim. Mas a mudança tem que acontecer em todos os níveis, de cima abaixo ou, se quiserem, daqui de baixo até lá em cima.

Isso nos faz lembrar a atitude de viúva pobre, que Jesus observou junto à caixa de doações: ela doou tudo, do pouco que tinha, para uma causa maior.

Agora começo a ouvir melhor Jesus quando diz: "Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me." (Mc 10. 21) Não foi assim que Ele falou nas duas parábolas que ouvimos no Evangelho de hoje? ... o homem, que achou o tesouro no campo, "transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo." O outro, que achou uma pérola de grande valor, faz a mesma coisa.

É uma questão de prioridade: Quem descobre uma coisa muito importante, faz tudo o que é possível para conquistá-la. Quem acha ou deseja algo de muito valor, investe tudo para a adquirir. Agora também começo a entender melhor quando Jesus diz: "Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração."(Mt 6.21) Nada é mais importante do que o meu tesouro!

Aqui vem uma virada de 180 graus! O que é o tesouro, no qual investir? - São os meus desejos? A importância da minha pessoa e do meu nome (ou a fama da minha família)? É o sucesso da nossa empresa, do nosso partido, do nosso governo? Ou até mesmo a glória da nossa Igreja? Vamos e venhamos: Tudo isso: desejos pessoais, nome, empresa (empresa familiar) partido, governo, Igreja, são instituições/instrumentos temporários na construção de outra coisa maior.

Agora dá para entender um pouco do que Jesus está falando: "O Reino de Deus é igual a um tesouro oculto no campo, que certo homem achou ..." É algo diferente do que nós sonhamos, algo muito diferente do que conhecemos ou idealizamos. Algo muito diferente do que a nossa ciência (vã filosofia!) e nossa força pode realizar!

No entanto, aquele sujeito, "transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem" e investe nesse tesouro. É deixar-se vencer e colocar tudo em segundo plano. Botar tudo a perder em função da única prioridade. É submeter-se à vontade e ao poder maior, como o próprio Jesus Cristo fez: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres." (Mt 26.39)

Geralmente nós não gostamos da palavra "conversão", porque ela foi usada num sentido "pietista", num sentido moralista, tipo: deixar de ser errado para ser certinho, ou deixar de ser mundano para ser crente etc. Agora somos desafiados de fato a nos converter: dar uma virada de 180 graus. Deixar de seguir nossos desejos e nossa confiança em nós mesmos para seguir outro caminho: o caminho de Cristo, a Verdade e a Vida. Estar disposto a sacrificar tudo por uma coisa só: O Reino de Deus. Mas, o que é isto: Reino de Deus?

Bem, aí cada um precisa responder por si. Primeiro, é preciso ouvir o convite de Jesus para o Reino: "Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me." (Mt 25, 34-36) O convite sugere renúncia, desprendimento, doação.

- E minhas propriedades, minha empresa? Meu emprego, meus projetos? E meu time de futebol? E minha família, minha igreja, a que tanto ajudo?

- Conserva-as, enquanto servem à prioridade principal. Põe tudo a serviço do Reino. Quando não servirem mais, ou quando só servirem a ti e teus desejos mesquinhos, vende e dá aos pobres! - Imagino que aqui paramos em silêncio. (parada em silêncio!)

Despeço-vos com um enigma de Jesus: "O reino de Deus está dentro de vós." (Lc 17:21)

Que a paz de Deus, que é maior do que todo o entendimento humano, guarde os nossos corações e pensamentos em Cristo Jesus (cf. Fp 4. 7).

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