sábado, 30 de julho de 2011

7º Domingo Após Pentecostes, 31.07.2011

Romanos 9:1-5

Paz e graça a todo povo de fé!

Inicialmente olhemos para o conjunto de textos bíblicos previstos para este tempo litúrgico, 7º Domingo após pentecostes. Eles indicam a continuação da obra salvífica de Deus e convocam as pessoas a serem seguidoras de Jesus Cristo por meio de palavras e atitudes.

O texto de Isaías convoca as pessoas a investir no que é essencial. Já o Evangelho mostra Jesus preocupado com as pessoas que o seguem para ouvir. Ele as alimenta espiritualmente, por meio de suas palavras e curas, mas percebe que elas também precisam do alimento material, ou melhor, da comunhão e da partilha.

Portanto, Isaías e Mateus, as leituras complementares deste 7 domingo após pentecostes, tratam da temática do alimento, do oferecimento gratuito desse alimento e dos desafios que essa graça traz.

Construindo a relação entre os textos complementares deste domingo e o texto de Romanos 9.1-5, podemos dizer que Romanos pergunta sobre quem é esse que alimenta o povo... Quem é esse que se preocupa para que todos tenham acesso ao alimento... Quem é esse...

Então, Paulo, por meio da carta aos romanos, o texto em análise, afirma que este é o Cristo em quem muitos não creram, pois ele, Jesus Cristo, não preencheu as expectativas messiânicas. E essa incredulidade dói para o apóstolo Paulo... Seus próprios compatriotas não creram!

Pois bem!

Olhando ao nosso redor podemos perceber que entra governo, sai governo... É eleito fulano, sai ciclano e tudo continua como antes. Nada muda. Roubos, falcatruas e corrupções são mostrados e noticiados a cada momento. Espera-se também um Salvador político para os tempos atuais.

Examinando atenciosamente o povo de Israel, o povo Judeu, vamos perceber que também este povo estava sendo subjugado, dominado, massacrado pelos romanos. Esperavam um salvador político e econômico. Veio Jesus...

Ele nasceu humilde e se coloca ao lado dos excluídos; reveste-se de amor, solidariedade, bondade e mansidão. Quem poderia confiar em alguém tão simples? Para a maioria dos Judeus, Jesus não correspondia à imagem que se tinha do Messias, do Salvador, do esperado. A resposta foi a incredulidade.

Nesta realidade entra a preocupação do apóstolo Paulo. No texto da reflexão de hoje, o apóstolo aparece emocionado e com grande dor no coração. Afinal, ele é judeu e faria de tudo para conseguir convencer seu povo a aceitar Cristo. Ele até abriria mão da caminhada com Jesus se isso pudesse ajudar o seu povo a perceber que Jesus é o verdadeiro Messias, o Salvador esperado, o caminho, a verdade e a vida.

Estimada comunidade!

Olhando para a nossa vida... Quantas vezes não nos assemelhamos a esse povo israelita? Quantas vezes rejeitamos o amor de Cristo?

No batismo todos nós fomos escolhidos, chamados, acolhidos e integrados à comunidade cristã. Na confirmação nós nos comprometemos a ser seu discípulo no cotidiano de nossa vida. Porém, muitas vezes esquecemos deste compromisso. Duvidamos do amor de Deus. Excluímos, rejeitamos o nosso semelhante, o nosso irmão e a nossa irmã.

Apesar da incredulidade do povo de Israel, porém, as promessas feitas por Deus a este povo escolhido não se apagaram. Assim também, a partir da promessa feita no nosso Batismo, todos nós, continuamos sendo alvo do amor de Deus.

Podemos dizer que em Jesus e a partir de Jesus, as bênçãos de Deus estenderam-se a todos... Não há mais privilegiados e nem excluídos. Deus quer alcançar todas as pessoas através de seu amor revelado em Jesus Cristo.

Porém, não basta a gente se considerar escolhido por Deus. Também não basta fazer algo para "merecer" a salvação. É preciso, antes de mais nada, aceitar o que Deus fez e faz por nós.

Israel é o povo escolhido, mas não foi capaz de reconhecer a maior das revelações de Deus: Jesus Cristo. Podemos dizer que todos nós também fomos escolhidos por Deus no Batismo. Mas, também sabemos que não basta ser batizado. Como também não basta ser filho ou descendente de cristãos: Esta Igreja meu avô construiu, isto foi meu pai que doou...É necessário aceitar e viver, aqui e agora, o presente de Deus ofertado a todos nós no batismo...

Antes de concluir, quero dizer ainda que não basta torcer por Cristo, é preciso jogar no time dele. A torcida sempre tem importância num jogo de futebol, contudo, ela não ganha o jogo.

No campo da fé, onde não estamos falando em clubes, certamente é importante torcer. Porém, não é suficiente sermos a favor de Jesus Cristo. Jesus não quer que apenas apoiemos a sua causa, mas que façamos a vontade Deus. Que sejamos praticantes do amor e da solidariedade. Não para ganhar o jogo, mas para que a vontade de Deus seja feita no campo do mundo.

No texto de nossa reflexão, da carta aos romanos, percebemos a preocupação do apóstolo Paulo para conduzir seus compatriotas no caminho da esperança cristã. E qual é a nossa preocupação?

Lembro que certo jovem queria mudar o mundo... Foi então à luta, lançou-se mundo a fora correndo atrás do seu sonho. Pregou o amor, instigou a esperança... Mas nada conseguiu. O povo não lhe dava ouvidos.

Frustrado, voltou para seu país e resolveu mudar o seu país. Tentou de várias maneiras implementar seu sonho de um país livre de injustiças e com um povo parceiro e solidário, mas nada conseguiu.

Novamente frustrado, resolveu investir na sua cidade. Também não obteve êxito. A paz que sonhava, não acontecia. O mundo que ele queria construir não se realizava.

Então voltou para casa e, na reflexão de sua caminhada, percebeu que ele deveria mudar. Restava somente a sua ação. Percebeu que não devia apenas falar. Deveria agir. A ação do amor, da solidariedade e fraternidade atingiu sua família, seus amigos e, por fim, um novo mundo iniciou através de pequenos gestos e atitudes de amor.

Também o Apóstolo Paulo fez esta experiência. De perseguidor dos cristãos, tornou-se o apóstolo que mais cartas escreveu, mais comunidades cristãs fundou e que nos chama atenção, por meio deste texto de Romanos 9.1-5. Ele insiste: Não basta ser filho de cristão, devemos ser, de fato, cristãos em palavras e atitudes.

Por fim, povo de fé...

Vamos pedir que o Espírito Santo nos ajude a não apenas torcer por Cristo, mas jogar em seu time... Que ele nos fortaleça a não sonhar com a mudança do mundo, mas a agir com amor, solidariedade e fraternidade para assim, com nosso exemplo de vida, influenciar quem nos cerca... E que ele também nos dê a persistência do apóstolo Paulo para ver a graça de Deus revelada neste mundo que ainda é seu.

Amém.

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