A grande descoberta
Lutero morou a maior parte de sua vida em Wittenberg. Foi nesta cidade que ele mais estudou a Bíblia. E foi lá, lendo a carta do apóstolo Paulo aos Romanos, que ele encontrou esta frase: “O JUSTO VIVERÁ POR FÉ”. (Rm 1.17)
Esta palavra lhe chamou muito a atenção. Foi ela que lhe mostrou que Deus não quer castigar as pessoas. Elas não precisam Ter medo de Deus, pois ele gosta das pessoas e perdoa os seus muitos pecados. E para ganhar o perdão, ninguém precisa castigar-se. A única coisa que se precisa é Ter fé em Deus. Até então, a igreja ensinava que a pessoas somente podiam alcançar a salvação, quando fizessem mais coisas boas do que pecados. Lutero viu que isso nem era possível. Ele sabia que as pessoas sempre fazem mais coisas erradas do que boas. Por isso ele sempre achou que o ser humano nunca poderia ser salvo. Mas agora, com a sua nova descoberta, ele entendeu que à vontade de Deus era outra. O mais importante é a fé. A pessoa torna-se justa, é salva, quando tem fé em Jesus Cristo que morreu na cruz para perdoar os pecados de todos. Esta descoberta – a justificação pela fé – tornou-se a chave de seus ensinamentos. Dizia: “As palavras justo e justiça de Deus eram para minha consciência como um raio; só em escutar tais palavras ficava apavorado. Se Deus é justo, então tem que castigar. Certo dia, porém, estive meditando sobre as palavras de Romanos 1.17: O justo viverá por fé e pensei: Se como justos devemos viver por fé e se a justiça de Deus deverá servir de salvação a todo o que crê, então a justiça de Deus não será nosso mérito, mas misericórdia de Deus. assim meu espírito se fortaleceu. Pois a justiça de Deus é que somos justificados e salvos por Cristo. Agora aquelas palavras se transformaram em palavras amáveis. Nesta hora o Espírito Santo me revelou a Escritura”. Lutero não pôde esconder a sua grande descoberta. Bem cedo percebeu que na igreja havia muitas práticas que não estavam de acordo com esta descoberta: o justo viverá por fé. A igreja ensinava que as pessoas precisavam fazer boas obras para salvarem-se. Com isso Lutero não mais podia concordar.
O primeiro confronto
Por esta época apareceu, perto de Wittenberg, um padre chamado João Tetzel, que dizia: “No momento em que o dinheiro tinir na caixa, a alma salta do purgatório para o céu”. Com isto ele estava dizendo que, com dinheiro, se podia ganhar a salvação, comprando uma cadeira no céu. Quem pagava ganhava um documento, chamado indulgência, que garantia ao comprador sua salvação. Esse documento vinha assinado pelo papa. Não era só isso. Podia-se comprar a salvação de pessoas já falecidas. Acreditava-se que estas pessoas estivessem no purgatório, um lugar entre o céu e o inferno, onde as pessoas esperavam o julgamento de Deus. Por isso Tetzel dizia: “Na hora em que vocês compram indulgências, os parentes mortos vão do purgatório para o céu”.
Lutero achava isto errado. A sua descoberta havia mostrado que as pessoas são salvas pela graça e bondade de Deus. Ele procurou explicar ao povo que o perdão de Deus não pode ser comprado através de indulgência, como se fosse uma mercadoria qualquer. Naquela época era costume colocar idéias importantes em lugares públicos, onde todos podiam ver e ler. As idéias eram escritas em frases curtas, chamadas teses. No dia 31 de outubro de 1517, Lutero fixou 95 teses a respeito das indulgências na porta da Igreja do castelo de Wittenberg. Ele escolheu o dia 31 de outubro, porque haveria uma grande exposição de relíquias nos próximos dias e muitos vinham para a igreja. O dia 1º de novembro é o dia de todos os santos e o dia 2 de novembro é o dia de finados. Lutero queria que os alunos e o povo viessem conversar com ele sobre o que se passava na igreja, por isso publicou 95 teses.
P. Cláudio De Marchi
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